A história da Candelária data ainda do século 17, época em que o casal espanhol Antônio e Leonor Gonçalves fez uma promessa durante uma travessia oceânica sob forte tempestade. Após sobreviverem a essa tempestade em alto-mar, eles prometeram erguer uma igreja para Nossa Senhora da Candelária no primeiro local em que conseguissem aportar.
O cumprimento da promessa se daria com a construção de uma pequena capela, que décadas depois seria substituída pela imponente igreja.
Esse episódio, inclusive, está eternizado em um no teto da igreja, acompanhado do registro de outros momentos da história da Candelária.
No século 18, a construção da Igreja de Nossa Senhora da Candelária substituiu a capela idealizada pelo casal espanhol no centro da cidade. Inicialmente, a ideia era proceder apenas a uma reforma, mas acabou se decidindo pela construção de um edifício grandioso, algo que demandaria décadas de obras.
O dia 6 de julho de 1775 marca a bênção ao primeiro bloco de pedra da igreja. Essa é considerada a data de nascimento da Candelária.
Por isso, em 06/06/2025 ocorreu uma missa no templo para celebrar os 250 anos desse importante marco do Rio de Janeiro. A solenidade foi liderada pelo cardeal arcebispo do Rio de Janeiro, Orani João Tempesta.
Nesses 250 anos de vida, a Candelária foi cenário de fatos políticos e sociais de repercussão nacional.
Em 1811, com a família imperial instalada no Brasil, aconteceu uma inauguração parcial da Igreja da Candelária. O Príncipe Regente Dom João VI esteve presente na cerimônia.
No entanto, foi apenas em 10 de julho de 1898, pouco anos após a Proclamação da República, que ocorreu a inauguração da Candelária já com as obras finalizadas.
Com uma rica arquitetura, a Candelária guarda também um importante museu de arte sacra, com obras de valor inestimável.
Tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a Igreja da Candelária possui em seu acervo obras de artistas importantes da época, como os murais de João Zeferino da Costa e vitrais alemães e púlpitos em estilo art nouveau de Rodolfo do Couto.
A Candelária é istrada por uma associação católica, a Irmandade do Santíssimo Sacramento, que atua em duas escolas para 500 crianças carentes e ainda dá assistência a centenas de pessoas idosas.
A igreja possui três imensas portas de bronze, que foram instaladas apenas no ano de 1901. Elas foram esculpidas pelo artista português Antônio Teixeira Lopes e ficam abertas de segunda a sexta-feira entre 7h30 e 16h.
Episódios de grande impacto para a sociedade brasileira tiveram a Candelária como cenário. Isso porque ela está localizada no coração da cidade, no cruzamento das movimentadas avenidas Rio Branco e Presidente Vargas.
Durante a ditadura militar (1964 - 1985), a Candelária foi palco da missa de 7º dia do estudante Edson Luís, morto por policiais militares em março de 1968 durante protestos no restaurante estudantil Calabouço, no centro do Rio de Janeiro. Na saída da solenidade, tropas da polícia avançaram contra as pessoas, em momento que a repressão do regime autoritário vinha se intensificando.
Na década de 1980, um dos mais famosos comícios das Diretas ocorreu nos arredores da Candelária. O movimento para a volta da eleição direta para presidente da República reuniu cerca de 1,2 milhão de pessoas nos arredores da igreja, em 1984.
Na noite de 23 de julho de 1993, a igreja foi o centro de um dos episódios mais violentos e trágicos da história da cidade, conhecido como Chacina da Candelária.
Na ocasião, oito meninos e adolescentes que dormiam na região foram assassinados. Dois policiais militares e um ex-policial foram condenados pelo massacre.
O altar da Igreja da Calendária também hospedou celebrações que ganharam as manchetes de veículos de comunicação.
Casamentos de famosos, como os dos atores Claudia Raia e Alexandre Frota, em 1986, e do cantor Belo com a modelo Gracyanne Barbosa, em 2012, tiveram lugar na Candelária. Este último foi celebrado pelo Padre Marcelo Rossi.
No interior da Igreja da Candelária também acontecem concertos de música clássica de grandes nomes. Eles são organizados pelo Projeto Candelária.