
O governador da Califórnia, Gavin Newson, anunciou nesta terça-feira (10/6) que entrou com processo judicial contra o governo do presidente Donald Trump para tentar barrar o envio de tropas da Guarda Nacional a Los Angeles. A medida federal, determinada sem o consentimento do estado, foi classificada por Newson como ilegal, provocativa e uma ameaça à democracia.
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A disputa entre o governo estadual e o federal ganhou força após o envio de aproximadamente 2 mil soldados da Guarda Nacional e 700 fuzileiros navais à cidade californiana no domingo (8/6), em meio a protestos contra as operações do Serviço de Imigração e Controle Alfandegário (ICE). As manifestações, que começaram no sábado, surgiram em resposta a dezenas de detenções realizadas pelo ICE em bairros predominantemente latinos.
Gavin Newsom criticou duramente a ação de Trump, dizendo que o envio de combatentes às ruas “não tem precedentes e ameaça os fundamentos da nossa democracia”. Em declaração oficial, o governador afirmou: “Donald Trump se comporta como um tirano, e não como um presidente. Pedimos ao tribunal que bloqueie imediatamente essas ações ilegais”, afirmou.
- Leia também: Trump ordena envio de 700 fuzileiros a Los Angeles
Guarda Nacional
A mobilização foi realizada com base no Título 10, dispositivo legal que permite ao presidente federalizar as tropas da Guarda Nacional, colocando-as sob seu comando direto — mesmo sem a autorização do governador estadual. Newsom classificou a medida como um abuso de poder e reforçou que o controle da Guarda Nacional cabe ao estado, não à Casa Branca.
Em resposta à ofensiva judicial, Trump declarou que está apenas tentando restaurar a ordem em Los Angeles e acusou Newsom de obstrução, chegando a sugerir que o governador deveria ser preso. Newsom, por sua vez, desafiou publicamente o ex-presidente.
A situação escalou ainda mais quando o governador revelou, por meio de uma postagem na rede social X (antigo Twitter), que os primeiros 2 mil soldados enviados estavam sem comida ou água, e que apenas cerca de 300 estavam mobilizados, enquanto o restante permanecia parado em prédios federais, sem ordens claras. “Não se trata de segurança pública. Trata-se de inflar o ego de um presidente perigoso. Isso é imprudente. Inútil. E desrespeitoso com nossas tropas”, escreveu Newsom.
Desde o fim de semana, mais de 200 pessoas já foram presas durante os protestos, que incluíram bloqueios de rodovias e veículos incendiados. O governo Trump alega que a mobilização da Guarda Nacional tem como objetivo proteger propriedades e funcionários federais — especialmente agentes do ICE — ameaçados durante os confrontos.
Essa não é a primeira vez que Trump recorre ao uso da força militar para conter manifestações. Em 2020, durante os protestos após a morte de George Floyd, o republicano já havia solicitado apoio militar aos estados. Desta vez, no entanto, ele enfrentou resistência direta e imediata do governador da Califórnia.
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