
São Paulo — Os Estados Unidos dão boas-vindas à Rota 66 de Carlo Ancelotti. O caminho para o hexa a pela estrada mais badalada do mundo, cortando um dos três países sede da Copa de Leste a Oeste, e desafia o italiano de 66 anos a quebrar um tabu. O Mundial jamais teve um técnico estrangeiro campeão. Ele tem bagagem para isso. Ganhou até um mosaico de presente na entrada da Seleção em campo, ontem na Neo Química Arena, pela 16ª rodada das Eliminatórias, mas o futebol verde-amarelo está longe de honrar um dos sobrenomes dele: Michelangelo. A exibição não foi uma obra de arte.
O Brasil chega à Copa com duas rodadas de antecipação sem fazer força em meio à maior crise em 111 anos. Fernando Diniz iniciou a campanha trôpega com seis partidas. ou o bastão a Dorival Júnior em outros oito jogos. Carlo Ancelotti precisa de uma mísera vitória para carimbar o aporte da única Seleção presente em todas as 23 edições. A vitória do Uruguai contra a Venezuela consumou a vaga. As partidas contra o Chile e a Bolívia, ambas em setembro, servirão para o novo treinador fazer testes e achar o rumo.
Uma das promessas de Carletto era entregar ao Brasil a melhor versão de Vinicius Junior. O melhor do mundo para a Fifa fez o gol do Brasil em uma posição diferente no 4-4-2 de Carletto. Era o parceiro de ataque de Matheus Cunha. A boa notícia é a seguinte: ambos se procuraram. Matheus Cunha deu uma assistência para Vini. Ele não alcançou a bola. Solidário, tentou outra vez em uma cabeçada na qual ele deveria ter finalizado.
Na terceira tentativa, ele aproveitou um lance iniciado lá atrás, com o goleiro Alisson, ando pelos pés dos zagueiros Marquinhos e Alexsandro, dos volantes Bruno Guimarães e Casemiro até Raphinha lutar bravamente com três marcadores e Matheus Cunha dar mais uma assistência para Vinicius Junior. O camisa 10 não desperdiçou e fez o primeiro gol da era Carlo Ancelotti. Empolgou, porém, momentaneamente.
O Brasil era praticamente samba de uma nota só. Insistia a exaustão com Gabriel Martinelli pela esquerda. Era bola nele, espera por um drible e cruzamento para a área. Repertório pobre, mas insistente. Vini e Raphinha pareciam com pouco espaço para repetirem na Seleção as exibições de gala com as camisas do Barça e do Real, respectivamente.
O Brasil alternou modelos de construção. O posicionamento inicial era o 4-4-2. Com a bola, notavam-se mutações para o 4-2-4 e algumas ações ofensivas no 3-2-5. Casemiro ou Alex Sandro ficavam com Marquinhos e Alexsandro para formar a linha de três defensores. Havia insistência pelas pontas e muita carência de tramas pelo meio. Faltava um homem de criação e um centroavante capaz de fazer o pivô. Matheus Cunha é diferente. Sai da área, colabora e vai se consolidando como candidato a 9. Fez gol contra a Argentina.
Incapaz de manter a intensidade e de sufocar o Paraguai, o Brasil se expôs algumas vezes aos contra-ataques do Paraguai. As bolas aéreas eram uma tormenta. Gustavo Gómez tentava irritar o sistema defensivo e os atacantes da Seleção impondo jogo físico e uma guerra de nervos. Recuado à espera do contra-ataque na etapa final, em um erro do Paraguai. Raphinha finalizou e Gabriel Martinelli foi travado na finalização. Raphinha quase marcou o segundo em um chute cruzado defendido por Gatito.
O Brasil está na primeira Copa com 48 seleções porque era impossível ficar fora, mesmo. Daí a dizer estamos prontos para brigar com Argentina, Espanha, França e Portugal há um longo caminho. Do tamanho da Rota 66 pela qual pode ar o roteiro da sexta estrela.
FICHA TÉCNICA
1 Brasil (4-4-2)
Alisson;
Vanderson (Danilo), Marquinhos, Alexsandro (Lucas Beraldo) e Alex Sandro;
Raphinha, Casemiro, Bruno Guimarães e Gabriel Martinelli;
Vinicius Junior (Richarlison) e Matheus Cunha (Gerson)
Técnico: Carlo Ancelotti
0 Paraguai (4-2-3-1)
Gatito Fernández;
Cáceres, Gustavo Gómez, Alderete e Alonso (Sández);
Diego Gomez (Ángel Romero) e Cubas;
Almirón (Kaku Romero), Villasanti (Bobadilla) e Enciso;
Sanabria (Ávalos)
Técnico: Gustavo Alfaro
Gol: Vinicius Junior, aos 43 mintos do segundo tempo
Cartões amarelos: Bruno Guimarães, Vinicius Junior e Junior Alonso
Público: 46.316 pagantes
Renda: R$ 12.706.050,00
Árbitro: Facundo Figueroa (Argentina)