Teatro

Espetáculo ‘Tropicália’ conta história de movimento crucial da MPB

Peça da Cia. Infiltrados, que reconstitui um dos movimentos culturais mais importantes da história do país, fica em cartaz até 15 de junho no Ateliê Eco Arte Balaio do Cerrado

Peça
Peça "Tropicália", da Cia. Infiltrados, estreia nesta quinta-feira (17/6) - (crédito: Cristiano Costa)

Depois de dez anos de exibição do mesmo espetáculo, a Cia. Infiltrados estreia Tropicália. A peça busca representar o ambiente do movimento artístico dos anos 1960 que ajudou a construir a identidade cultural brasileira. Até domingo (15/6), sempre às 20h, as apresentações ocupam o Ateliê Eco Arte Balaio do Cerrado, na Asa Sul. Entrada mediante doação de um litro de leite. 

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O espetáculo imersivo se afasta de convenções. Os personagens transitam pelo ateliê, que tem terreno arborizado e uma casa com quatro divisões internas. A trama se desenvolve a partir desse ambiente. “No início, somos um grupo de teatro da tropicália que invade essa casa, com todo o discurso da época”, explica o diretor Abaetê Queiroz. As ações, além do cenário musical e artístico, retratam exílio e retorno ao Brasil. 

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Produzir novo trabalho não estava no planejamento do grupo brasiliense. Vinícius, que conta a história da bossa nova, permaneceu em cartaz por uma década. O espaço do Ateliê Eco Arte inspirou a Cia. Infiltrados a partir de convite para se apresentar no local. “Quando olhei pela primeira vez, pensei: ‘aqui não tem cara de Vinícius de Moraes, tem cara de Tropicália’”, relembra Queiroz. 

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Apesar de terem música como elemento central, os dois espetáculos têm propostas estéticas quase opostas. “A peça Tropicália é mais exagerada e ampla”, explica o diretor. “Fiz questão de que a nossa dramaturgia rompesse com o épico, o narrador. Tem muitos diálogos e o campo dramático é mais intenso”, compara Queiroz. A atriz Bárbara Gontijo ressalta que a interpretação é centrada na “atmosfera da época do tropicalismo”. “O público não vai encontrar ali a Gal, o Torquato, o Caetano nem o Gil em um ator só. A gente transita entre vários personagens”, pontua Bárbara.

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A direção musical de Diogo Cerrado, segundo ele, “funciona como um manifesto”. Presente tanto nas cenas quanto nas transições, a música do espetáculo é “intrínseca à dramaturgia, assim como foi no movimento”, destaca. Por se tratar de movimento originado durante a Ditadura Militar, a peça contém referências ao “perigo que vivemos hoje”, relata Abaetê Queiroz. “Trazemos falas ditas por pessoas no contexto atual, mas sem fazer paralelo declarado entre as duas épocas”, diz o autor de Tropicália.

Serviço

Tropicália

Com a Cia. Infiltrados, até domingo (15/6), às 20h, no Ateliê Eco Arte Balaio do Cerrado (SHIP-Asa Sul). Entrada mediante doação de 1 litro de leite. Não recomendado para menores de 18 anos.

*Estagiário sob a supervisão de Nahima Maciel

postado em 13/06/2025 11:44
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