
Depois de dez anos de exibição do mesmo espetáculo, a Cia. Infiltrados estreia Tropicália. A peça busca representar o ambiente do movimento artístico dos anos 1960 que ajudou a construir a identidade cultural brasileira. Até domingo (15/6), sempre às 20h, as apresentações ocupam o Ateliê Eco Arte Balaio do Cerrado, na Asa Sul. Entrada mediante doação de um litro de leite.
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O espetáculo imersivo se afasta de convenções. Os personagens transitam pelo ateliê, que tem terreno arborizado e uma casa com quatro divisões internas. A trama se desenvolve a partir desse ambiente. “No início, somos um grupo de teatro da tropicália que invade essa casa, com todo o discurso da época”, explica o diretor Abaetê Queiroz. As ações, além do cenário musical e artístico, retratam exílio e retorno ao Brasil.
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Produzir novo trabalho não estava no planejamento do grupo brasiliense. Vinícius, que conta a história da bossa nova, permaneceu em cartaz por uma década. O espaço do Ateliê Eco Arte inspirou a Cia. Infiltrados a partir de convite para se apresentar no local. “Quando olhei pela primeira vez, pensei: ‘aqui não tem cara de Vinícius de Moraes, tem cara de Tropicália’”, relembra Queiroz.
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Apesar de terem música como elemento central, os dois espetáculos têm propostas estéticas quase opostas. “A peça Tropicália é mais exagerada e ampla”, explica o diretor. “Fiz questão de que a nossa dramaturgia rompesse com o épico, o narrador. Tem muitos diálogos e o campo dramático é mais intenso”, compara Queiroz. A atriz Bárbara Gontijo ressalta que a interpretação é centrada na “atmosfera da época do tropicalismo”. “O público não vai encontrar ali a Gal, o Torquato, o Caetano nem o Gil em um ator só. A gente transita entre vários personagens”, pontua Bárbara.
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A direção musical de Diogo Cerrado, segundo ele, “funciona como um manifesto”. Presente tanto nas cenas quanto nas transições, a música do espetáculo é “intrínseca à dramaturgia, assim como foi no movimento”, destaca. Por se tratar de movimento originado durante a Ditadura Militar, a peça contém referências ao “perigo que vivemos hoje”, relata Abaetê Queiroz. “Trazemos falas ditas por pessoas no contexto atual, mas sem fazer paralelo declarado entre as duas épocas”, diz o autor de Tropicália.
Serviço
Tropicália
Com a Cia. Infiltrados, até domingo (15/6), às 20h, no Ateliê Eco Arte Balaio do Cerrado (SHIP-Asa Sul). Entrada mediante doação de 1 litro de leite. Não recomendado para menores de 18 anos.
*Estagiário sob a supervisão de Nahima Maciel