Entrevista | BERGMANN RIBEIRO | virologista

"Não há risco de pandemia de gripe aviária", afirma virologista da UnB

Ao 'CB.Poder', especialista ressalta a baixa taxa de infecção do vírus H5N1 em humanos. Além disso, comenta sobre a proteção que existe nas granjas brasileiras

Bergaman Ribeiro afirma que não há necessidade de parar de consumir carne de aves -  (crédito: Bruna Gaston CB/DA Press)
Bergaman Ribeiro afirma que não há necessidade de parar de consumir carne de aves - (crédito: Bruna Gaston CB/DA Press)

Com o primeiro caso confirmado de gripe aviária no Distrito Federal, surge o receio de uma nova pandemia, mas Bergaman Ribeiro, virologista da Universidade de Brasília (UnB), explicou, durante o CB.Poder — parceria do Correio Braziliense com a TV Brasília — desta quarta-feira (4/6), que o vírus não tem um potencial forte para contaminar seres humanos. Aos jornalistas Carlos Alexandre e Mila Ferreira, o especialista ainda ressaltou que essa doença é uma enfermidade que tem maior perigo somente para as aves.

Siga o canal do Correio no WhatsApp e receba as principais notícias do dia no seu celular

Sobre o risco de transmissão e infecção em humanos, o também titular do Departamento de Biologia Celular da UnB explicou que não há necessidade de criar pânico, pois é difícil uma pessoa ser infectada. “A gripe aviária afeta basicamente as aves. Pode infectar outros mamíferos, como o próprio ser humano, mas é uma doença de ave. Para infectar o ser humano é muito difícil. Tem de estar em contato com as aves por muito tempo para o vírus conseguir infectar”, comentou.

“Esse vírus é facilmente inativado pelo calor. Ele não vai causar uma pandemia como o vírus da covid-19”, afirmou Ribeiro, assegurando que não há necessidade de parar de consumir alimentos que tenham aves como origem, como ovos e carne de frango. 

Relembrando o primeiro caso confirmado no Rio Grande do Sul, o especialista esclareceu o motivo que dificultou a propagação do vírus no Brasil. “Esse vírus demorou muito para chegar na granja porque existe um sistema de segurança muito grande na produção", disse. Além disso, ele ainda explicou que o Brasil conseguiu se proteger durante muito tempo.  “A primeira ave infectada no Rio Grande do Sul foi uma ave migratória. O vírus está aí presente desde a década de 1990 e só chegou ao Brasil em 2023”, ressaltou. 

Em Brasília, oito pessoas tiveram contato com o irerê morto, diagnosticado com gripe aviária, encontrado no Zoológico. Sobre isso, o acadêmico explicou como o vírus pode agir no corpo humano. “Em seres humanos, pode ser que esse vírus tenha uma taxa de transmissão um pouco maior, podendo demorar até sete dias para aparecer os primeiros sintomas”, afirmou. 

Apesar de não infectar seres humanos de forma fácil, outros animais podem apresentar quadros mais graves se contaminados. Segundo Ribeiro, um gato infectado apresenta uma taxa de mortalidade acima de 50%. "O vírus é capaz de infectar vários mamíferos, incluindo leão", comentou. Segundo o especialista, alguns estudos feitos na China apontam que a doença pode afetar fatalmente o ser humano. “Esses estudos, que foram feitos em alguns humanos porque não foram tantos contaminados, mostram que a taxa de mortalidade seria de 50% quando você é infectado pela gripe aviária. É uma doença séria”, completou.

Assista à entrevista completa:

* Estagiário sob a supervisão de Fernando Brito

postado em 04/06/2025 19:59
x